Última atualização:
O seu negócio encontra-se numa fase grande de crescimento, e para que todo o seu potencial seja devidamente aproveitado, está a considerar um IPO como o próximo passo. Mas, estará a sua Empresa preparada para operar, de forma eficaz, enquanto Empresa cotada?
As empresas com operações de IPO bem-sucedidas realizam o planeamento adequado para funcionarem como emitentes de ações admitidas à negociação em mercado (“Empresa(s) cotada(s)”), com uma antecedência aproximada de 6 a 12 meses antes de finalizar o IPO.
A duração deste período (que, em certos casos, pode ser mais curto) depende de vários aspetos, nomeadamente, do estádio de desenvolvimento da Empresa, do seu modelo de governo societário, bem como da sua estrutura organizacional interna. Estes fatores são também muito importantes no longo prazo, por terem uma influência direta na sustentabilidade da Empresa e no seu modelo de negócio.
Na fase de Planeamento, os principais aspetos a ter em consideração são (i) a estrutura do IPO e as suas principais características; (ii) os critérios de elegibilidade e (iii) a nomeação de assessores. As secções que se seguem focam-se em cada um dos temas acima mencionados (clique no diagrama para viajar rapidamente para qualquer uma das legendas).
3.1.1.1.1. Estrutura do IPO e principais características
3.1.1.1.1.1. Opções Estratégicas
Depois de considerar e avaliar as alternativas, será a realização de um IPO a estratégia certa para que a Empresa atinja os seus objetivos?
Mesmo que um IPO seja o objetivo final e o método preferencial para angariação de capital, a Empresa deve considerar, em simultâneo, outras opções de financiamento que possam servir como alternativas a uma cotação na bolsa, tendo sempre em consideração os objetivos da Empresa e dos seus acionistas.
Uma avaliação detalhada da adequação e viabilidade de uma fusão e/ou aquisição (na sigla inglesa “M&A”), um investimento de capital de risco, ou outras transações alternativas devem ser consideradas na avaliação, antes de se tomar a decisão de prosseguir com um IPO. A apresentação das diferentes alternativas, e uma análise comparativa entre as mesmas, encontra-se disponíveis na secção ‘2.1. Como pode a sua Empresa satisfazer as suas necessidades de financiamento?’
Considerando as diversas alternativas possíveis para angariação de capital, a Empresa deve ter uma compreensão clara do que é necessário, do tempo estimado, dos custos associados, e se a melhor opção passa pela consideração de alternativas em simultâneo.
Quais são as diferentes formas de admissão à negociação?
Em regra, a admissão à negociação das ações é precedida por uma oferta de subscrição de ações, realizada através de uma Oferta Pública e/ou através de uma Colocação Privada.
Enquanto a primeira é dirigida a todos os investidores, abrindo-se ao público a possibilidade de subscrever as ações da Empresa previamente à admissão das ações da Empresa à negociação em bolsa, a Colocação Privada é dirigida a um grupo selecionado de investidores e instituições e negociada de forma confidencial, sendo esta uma alternativa privada de angariação de capital.
Uma possível consequência das Colocações Privadas é a menor liquidez das ações porque ficam na propriedade de um número restrito de investidores.
Dica
1. Dentro da mesma oferta, a Empresa pode financiar-se através da emissão de novas ações e, ao mesmo tempo, acionistas da empresa venderem parte ou a totalidade das ações detidas, assegurando, respetivamente, o financiamento necessário ao desenvolvimento do negócio da Empresa e liquidez para os seus atuais acionistas , (bem como, diminuindo a concentração do risco do respetivo património individual).
2. A Empresa poderá realizar uma Oferta Pública e uma Colocação Privada, simultaneamente. Esta abordagem permite à Empresa beneficiar de ambos os formatos, nomeadamente, da notoriedade acrescida da Oferta Pública e da atração de Investidores Institucionais de referência provenientes da Colocação Privada. Para mais informação consultar 3.1.1.3.3.1. Investidores destinatários da oferta, 3.1.1.3.2. Preço do IPO e 3.1.1.3.4. Atribuição de ações.
Nos casos em que os critérios de elegibilidade para a admissão das ações à negociação já se encontram assegurados, nomeadamente no que respeita ao nível de dispersão prévia das ações (consultar a secção ’3.1.1.1.2. Critérios de elegibilidade’), a Empresa pode solicitar uma admissão direta das ações à negociação. Numa admissão direta, as ações da Empresa são disponibilizadas para negociação no mercado sem que seja realizada uma Oferta Pública ou uma Colocação Privada.
3.1.1.1.1.2. Avaliação do nível de preparação da Empresa para o IPO (“IPO Readiness”)
Ao recorrer a uma abordagem disciplinada no planeamento do processo de oferta inicial e admissão à negociação das suas ações, a sua Empresa pode economizar tempo e dinheiro, reduzindo também os riscos associados. A Empresa terá de tomar conhecimento dos procedimentos a observar enquanto Empresa cotada antes, durante e após o IPO. A cotação das ações em bolsa requer disponibilidade e empenho por parte da gestão da Empresa para considerar as expectativas dos acionistas atuais, dos potenciais investidores e do mercado, nomeadamente quanto à estratégia da Empresa.
Antes da realização do IPO, é recomendável que a administração da Empresa realize, por meio da ajuda de assessores especializados, uma avaliação que permita a maximização da probabilidade de sucesso da transação.
Estará a Empresa preparada?
Uma vez tomada a decisão de abertura ao público do capital da Empresa, o planeamento e a preparação interna são essenciais a todo o processo e não podem ser subestimados. Para que a Empresa esteja pronta, assim que se abrir a janela de oportunidade para realizar o IPO, poderá ter de realizar antecipadamente algumas alterações ao negócio, à organização e à própria cultura empresarial.
Qual o âmbito e o processo de avaliação de IPO Readiness?
A avaliação de IPO Readiness destina-se a assistir a Empresa na transição de uma empresa privada para uma Empresa cotada. Os acionistas atuais e a gestão da Empresa vão querer compreender melhor o que é necessário para que aquela seja bem-sucedida com a sua entrada em mercado.
O processo do IPO começa, normalmente, com uma reflexão sobre todas as áreas específicas do IPO: estratégia, estrutura, impostos, finanças, sistemas e funções internos, liderança e horizonte temporal planeado.
Durante este processo, a Empresa deverá identificar e discutir as lacunas existentes entre o seu estado de preparação atual para o IPO e o estado alvo ambicionado, bem como as várias considerações estratégicas de financiamento. Para além disso, a Empresa deverá desenvolver uma estrutura-alvo e um caso base para o IPO em conformidade com os seus objetivos, definir a estratégia, os fluxos e equipas de trabalho e estabelecer um roteiro para o processo. A Empresa deverá também estimar os prazos e os recursos necessários para que as lacunas existentes sejam colmatadas, por forma a estar finalmente preparada para a realização do IPO.
Esta avaliação poderá incluir pontos de situação sobre as seguintes questões:
Dica
A experiência mostra que as empresas que melhores resultados obtiveram após o processo de IPO, são empresas que, por norma, implementam processos internos semelhantes aos das empresas cotadas, mesmo antes de passarem pelo processo de admissão das suas ações no mercado, nomeadamente ao nível dos sistemas de reporte de informação e de uma estrutura de governo societário adequados.
Este exercício de avaliação destaca as áreas que necessitam de atenção e permitem que a Empresa atenue os riscos potencialmente existentes logo nas fases iniciais do processo.
3.1.1.1.2. Critérios de elegibilidade
A Empresa deverá considerar os critérios de elegibilidade dos mercados onde pretende admitir as suas ações à negociação.
Embora a maioria dos critérios de elegibilidade para a admissão à cotação num mercado regulamentado sejam comuns a todos os mercados regulamentados operados na União Europeia, os operadores dos mercados têm mais flexibilidade para definir os critérios de elegibilidade de cada MTF.
As empresas podem admitir as suas ações à negociação diretamente no mercado regulamentado ou, em certos casos, iniciar o seu caminho através da admissão à negociação num MTF e, quando se encontram já numa fase mais desenvolvida, podem solicitar a admissão à negociação no mercado regulamentado.
Apresentam-se abaixo os requisitos de admissão à negociação num mercado regulamentado português ou MTF:
Legenda
Emitente
Oferta de ações
Processo de oferta
Informação financeira
3.1.1.1.3. Nomeação de Assessores
Que tipo de assessores podem auxiliar no processo de IPO?
Para além dos administradores e quadros superiores da própria Empresa, os assessores desempenham também um papel crucial no processo de IPO. Estes ajudam na elaboração da documentação necessária, garantindo que todos os critérios de elegibilidade são cumpridos, gerindo o marketing e a venda das ações da Empresa e dedicando tempo à análise de como ‘posicionar’ a Empresa de modo a garantir o sucesso no processo de IPO. Assim, a presença de uma equipa de assessores experiente e motivada aumentará a probabilidade de um processo de IPO ordenado e profissional, e, assim, uma adesão positiva por parte dos investidores.
Quais os fatores a considerar na escolha dos assessores?
Historial
O assessor já esteve envolvido em processos de IPO bem-sucedidos? O assessor (jurídico) tem um profundo conhecimento e experiência prática em operações de mercados de capitais e na aplicação da legislação?
Reputação e Experiência
O assessor pode fornecer conselhos e research específicos sobre o setor de atividade? O assessor tem relações fortes com investidores do sector da Empresa? O assessor é considerado credível nos mercados de capitais?
Cobertura de Analistas
Os analistas financeiros (research) conhecem o setor de atividade e as empresas comparáveis (nacionais e internacionais)?
Força de distribuição
O assessor tem canais de distribuição fortes junto dos Investidores de Retalho e Institucionais? Qual a eficácia da sua força de venda a retalho e da sua força de venda institucional? O assessor atua a nível regional, nacional ou internacional?
Compromisso com a Empresa
Dará o assessor prioridade ao processo de IPO da Empresa?
Assessoria após o IPO
O assessor irá continuar a aconselhar a Empresa após o IPO e, quando aplicável, apresentá-la a potenciais investidores?
A Empresa deverá estabelecer contacto com os potenciais candidatos a assessores, por forma a avaliar o seu conhecimento, tanto ao nível dos mercados de capitais, como do setor económico, assim como, no que respeita aos aspetos em que os investidores se concentrarão no momento de investir.
Dica
Os assessores não investem tempo e recursos significativos se não estiverem confiantes de que a Oferta será concluída com sucesso. O número de assessores abordados depende, em parte, da atratividade da própria Oferta. Se esta for de grande dimensão e suscetível de atrair investidores relevantes, a sociedade poderá decidir contratar três ou quatro assessores financeiros. É importante, no entanto, informar os potenciais assessores de que não serão os únicos a ser contactados.